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Vento


O dia estava cinzento, parecia inverno, no entanto era verão e fazia calor. Os dias se arrastavam intermináveis quando não tinha o que fazer, e assim sendo mamãe sempre encontrava alguma tarefa condizente com seu tamanho. Tudo para tirá-la do tédio, segunda ela...

Como estava de castigo por ter sumido horas no "bosque"... mamãe sempre exagerava no "horas" e o bosque era o quintal, bom um pouco mais que isso, quase uma floresta, que dava para os fundos da casa, mas sem problemas, ela conhecia tudo muito bem, não havia o que temer, repetia no auge da sua sabedoria.

Sempre quando seguia pela estrada, rumo à casa de algum vizinho, Heidi ficava intrigada com o vento, especialmente quando não havia  sol. Ele agitava as folhas e o ruído que produzia na fiação elétrica dos postes lhe causava medo,  pareciam gemidos, uivos...

Carregava uma pequena cesta de vime, onde seriam colocadas as uvas.

Seu Alfredo era ranzinza, e não deixava comer uvas além do que se comprasse, então ela o seguia embaixo do parreiral, muda, e apenas o observava a colher os cachos e colocá-los na cesta.

- Gosto das brancas também - arriscou num muxoxo, quase arrependida. Seu Alfredo fez que não ouviu, ou talvez não tivesse ouvido mesmo, já que diziam que além de carrancudo ele também estaria ficando surdo.

Continuaram assim, os dois, ele cortando e selecionando as uvas e ela absorvendo o delicioso aroma que emanava delas! Abelhas também gostavam da fruta, pelo jeito, já que algumas passavam em voos rasantes às suas orelhas...

Heidi normalmente se dava muito bem com as pessoas mais velhas. Com sua vó materna era só amores, e os demais idosos das suas relações gostavam da sua companhia. Era conhecida por sua vivacidade e alegria. Mas com seu Alfredo era diferente, ele não a tratava mal, apenas era distante e monossilábico. Até gostava dele, já que era o vizinho mais afortunado da redondeza, segundo ela, pois cultivava um pomar com as mais diferentes frutas. 

Ele arrumou as uvas na cesta, pigarreou e por um momento ficou pensativo. 

-Leve algumas brancas, estão doces feito mel! - declarou!

Estelinha sorriu e lhe entregou o dinheiro. Por sua vez, ele a encarou nos olhos e deixou escapar:

- Vá, não se demore, a chuva está vindo!

Então se pôs a caminhar, apressada, de volta à sua casa.

O vento estava mais forte agora e sentiu medo. Era estranho, por vezes ele lhe acariciava o rosto, outras balançava as folhas do plátano e produzia sons engraçados, mas quando se zangava como hoje, desejava estar em casa, longe dali!

 Finalmente retornara, antes da chuva, ela e as uvas, sãs e salvas...

 O vento sempre fez parte da sua vida, ela sentia sua presença, o tempo todo, suave, forte, seco, quente, úmido...

Afinal, seria apenas o vento?



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