A criançada da Vila dos Plátanos se juntava e era eletrizante, meninos e meninas juntos, comungando o melhor da infância.
Bola de gude, carrinho de rolimã, montar a casinha para depois brincar nela, processo que podia levar o domingo inteiro, tudo feito com galhos de árvores, palha, folhas secas, musgo...engenharia pura.
Sair por aí com o bodoque em mãos, sumir no esconde esconde, "pular altura" (salto em obstáculo montado com galhos de árvores), apostar corrida sem prêmio algum, só para testar a resistência. Escorregar pelos barrancos era adrenalina sem fim...
E brincar de igreja então, neste caso o destaque era o padre e a disputa para o cargo era acirrada, e o posto ficava para quem tinha forte liderança no grupo e poder de retórica, enfim, algo que sempre gerava impasse e retardava a cerimônia.
Comer e fazer as necessidades mais prementes, era coisa que se resolvia pelos arredores. O lanche era fast food de pomar, com um cardápio extremamente variado e cujo os molhos amarelos, vermelhos, esverdeados e marrons escorriam pela roupa ao serem mordidos e nunca mais saiam. Ahhh as roupas, sempre manchadas,com rasgos que mamãe cerzia a toda hora. Algumas, depois de um dia agitado viravam trapos, impossíveis de recuperar...
Da janela, Heidi observava as crianças correndo pelo parquinho e a saudade foi intensa, quase uma dor.
As lágrimas escorreram, mas não era de tristeza, e sim nostalgia, pelo que havia vivido com intensidade, da inocência, das cigarras, das borboletas, do tempo que era medido pelo raiar sol ou pelo despontar da lua...
Ela observava a animação, o burburinho, aproveitando os minutos que lhe restavam, ...afinal, o relógio avisa, o tempo dos adultos é outro...
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