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Mostrando postagens de março, 2021

O mundo de Heidi!

  Corria, de braços muito abertos, como o pássaro que agora sobrevoava  a planície...  Sentia seu corpo adolescente ganhar impulso, poderia até voar, como ele, sabia que podia  mas... temia nunca mais voltar...

Aos domingos...as crianças

A criançada da Vila dos Plátanos se juntava e era eletrizante, meninos e meninas juntos, comungando o melhor da infância. Bola de gude, carrinho de rolimã, montar a casinha para depois brincar nela, processo que podia levar o domingo inteiro, tudo feito com galhos de árvores, palha, folhas secas, musgo...engenharia pura.   Sair por aí com o bodoque em mãos, sumir no esconde esconde, "pular altura" (salto em obstáculo montado com galhos de árvores), apostar corrida sem prêmio algum, só para testar a resistência. Escorregar pelos barrancos era adrenalina sem fim...  E brincar de igreja então, neste caso o destaque era o padre e a disputa para o cargo era acirrada, e o posto ficava para quem tinha forte liderança no grupo e poder de retórica, enfim, algo que sempre gerava impasse e retardava a cerimônia. Comer e fazer as necessidades mais prementes, era coisa que se resolvia pelos arredores. O lanche era fast food de pomar, com um cardápio extremamente variado e cujo os molhos a

Todo dia era dia de índio!

"O bosque" era repleto de árvores, algumas grandes, frondosas, outras muito altas que se misturavam às nuvens, haviam as menores e as demais, como, pitangueiras, inúmeros pés de ameixa, amora, caqui, bergamota, laranja, cereja... Todas as frutas eram consumidas ali, ao pé da árvore, não se levava, não havia necessidade... Ah, tinha os Plátanos, muitos, de todos os tamanhos, não à toa que a vila se chamava "Vila dos Plátanos". Aprendera a respeitar a natureza, a fluir com ela, entender seus ciclos e também reconhecer alguns perigos. Bom, pensando bem, essa parte não foi  bem assimilada... O seu tempo transcorria  sem ser medido por horas, minutos ou segundos... Os sinais podiam ser o roncar do estômago, o sol a pino, os gatos, que já se foram sem que percebesse, ou algum arranhão que teimava em sangrar e estragar a brincadeira...  Podia se ouvir uma voz...longe... era quase inaudível, abafada pelo canto estridente das cigarras... - Haidiiiiiii

O leitor!

  A rotina para a maioria das pessoas da Vila parecia a mesma, exceto para o seu Artur da vendinha, o padre Inácio, a professora Neusa e a beata Rosa, que cuidava da igreja...  Para os  demais, a lida era com a lavoura, os animais e tudo o que se referia a vida na roça. Mas havia outra exceção, o pai de Heidi ("Haidi" ela corrigia a pronúncia, principalmente quando estava de mau humor).  Papai ocupava o tempo ocioso com a leitura, lia sempre, lia muito! Não tivera oportunidade de frequentar por muito tempo a escola, repetia pensativo, mas desde cedo aprendeu o gosto pelos jornais e livros e quando faltavam, relia tudo novamente. Também era criticado por isso, afinal, que serventia teria toda essa "cultura" aqui na Vila! Heidi o observava, estava um pouco arqueado para frente, com as pernas entreabertas e na mão, o jornal. Era sua posição favorita, por vezes parava um pouco, se espichava e depois voltava à leitura. Ficava assim, absorto... Costumava repetir: - Ler, f